Pensamento Aquático Vibratório
Você se lembra como você pensava?
Você lembra de seus pensamentos de quando era criança ou só lembra de acontecimentos? Eu não lembro de meus pensamentos. Eles fluem como uma barreira que se rompeu, às vezes, na ansiedade. Quando o fluxo para, finalmente me acalmo. Outras vezes é um riacho contínuo de criatividade, fluindo com águas que refrescam. Às vezes me esqueço que posso controlar esse fluxo como apertar uma válvula hidráulica. Ou afrouxar, se necessário. Agora uma barreira se rompeu e sobrou lama e lodo. Pra limpar, é necessário deixar fluir.
Mas principalmente, me esqueci de como as águas passadas fluíam. Como diria Éfeso: "Ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou". Eu posso até lembrar das vibrações aquáticas dos pensamentos intrusivos que tive, mas lembro apenas deles, não os outros pensamentos remoídos que me causavam. Uma hora esqueço, outra me lembro, depois me lembro de esquecer, e por fim, esqueço por esquecer.
Talvez há quem lembre como pensava quando era criança. Eu lembro, mas instintivamente, emulando a inocência e infantilidade, a malícia e levadez em dois personagens do meu livro "O Vampiro Girassol", Nine e Nina (Marina, Nina é apelido), que são basicamente a contraparte de si próprios, água e gelo, neblina e vapor. Quatro características mutáveis que faziam parte da minha personalidade quando criança, divididos em dois personagens à parte.
Voltando ao fluxo, certas emoções me carregam e outras me congelam, paralisado no lugar. O anseio antes de se tornar ansiedade é a água gelada e refrescante antes de se congelar. A ansiedade, muitas vezes conjunta à paranoia, são camadas e camadas de gelo, levando-nos às profundezas do pensamento, refletindo muitas vezes sem respirar. Ando sem capacidade para relaxar. Planejar me deixa assim. É como se eu estivesse construindo uma represa e eu soubesse logo de cara que na planta-baixa há um defeito, incorrigível. Meu defeito está em minha própria mente, mas é próprio parte do meu ser. Sem ele eu não seria quem eu sou. Isso é cruel demais de se pensar, mas é a realidade de uma doença crônica: uma água permanentemente infectada com o caracol que causa esquistossomose e o sintoma da barriga d'água é a minha cabeça de saco cheio por ter que enfrentar certos sintomas certas vezes, de vez em quando, não sempre, nem nunca mais para sempre sem sentir. Variável.
Uma banana split. Um chiclete dividido em dois. Uma rachadura dividindo cabeças. Esquizofrenia vem de "mente dividida". Mas de dividida são as emoções, não a personalidade. Às vezes é boba como banana 🍌, outras vezes tenho pensamentos grudados como músicas chicletes, mas como agora, sinto dividindo os nervos do lobo occipital como tensão elétrica.⚡ 🔌
Os sentimentos negativos já passaram. Agora só sobrou o tédio e a falta de sono, uma calmaria no mar à noite numa rede em um barco um insomnio, balançando conforme as ondas e mood swings.
Escrevo para alcançar a calmaria, para em breve ver o pôr do sol, dentro dos meus sonhos (o que eu mais adoro sonhar é ao controlar a esfera onírica no sonho lúcido quase sempre escuro e difícil de enxergar abrindo o céu com as mãos e fazendo aparecer um sol dourado entre as nuvens). Em uma praia desértica, sentindo o cheiro de maresia estragando eletrônicos. É assim que pretendo construir meu jardim: na areia. Me enterrando para um dia ser escavado.
Confesso que devo escrever mais no papel e menos no digital. O lápis, lapiseira, caneta e borracha deixam mais tempo para reflexão do que o tlec-tlec acelerado do teclado de quem aprendeu a usar computadores com 9 anos. Esse post foi escrito dia 28 de julho na madrugada antes do nascer do sol e sendo postado agora, depois de um sono horrível e ansiedade que ainda permeia nas costas, na noite indo para outra madrugada de sofrimentos psíquicos...
Espero que seja só o desmame do Bromazepam... que irei conseguir mais amanhã.